Lendo e ouvindo a música


Fofas


Desenhos de Jorge Queiroz da Silva

sábado, 17 de março de 2012

O Carnaval de rua de outrora

Era um carnaval de rua com mascarados. Ninguém brincava no carnaval sem máscaras. As famílias inteiras viviam, nessa época, um terror natural, haja vista que as máscaras escondiam os desafetos. Isso, por si só, me causava muito medo. Blocos inteiros de sujos de rua e mascarados, invadiam as nossas casas, para roubar comida, roupa e pedir dinheiro. Às vezes, até aconteciam crimes, e nesta época, eles eram facilitados a todos os desordeiros que, se utilizando do sigilo das máscaras, invadiam nossas casas até para abusar da dona de casa. Acintosamente, pediam dinheiro para as despesas do bloco, que ficava na rua de sábado até quarta feira de cinzas. Eu me lembro muito bem, que meu pai tinha o hábito de pendurar cachos de bananas na porta da sala, junto à passagem para a cozinha e normalmente, quando o bloco invadia a minha casa, eu dizia com os meus botões - lá se vão as minhas bananas! – Levei um longo período para deixar de ter medo dos mascarados, pois naquela época era uma facilidade as pessoas se vingarem umas das outras, fazendo-me crer que um deles, ao entrar na minha casa, poderia tirar a vida do meu pai ou abusar de minha mãe. Hoje eu reflito e acho que o Carnaval de rua terminou por que o nosso povo não sabia brincar de cara limpa. Ainda bem que ele terminou, pois na nossa era atual, com toda esta grande violência, com as drogas e com o tráfico e com a liberdade do uso fácil das armas de fogo, tudo seria muito difícil para nós. Como nos iríamos conviver, com todas estas ilegalidades mascaradas?
(Jorge Queiroz da Silva - abril/2009)
Fonte da imagem:qjmassacara.blogspot.com

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