Lendo e ouvindo a música


Fofas


Desenhos de Jorge Queiroz da Silva

quarta-feira, 28 de março de 2012

O "MOA"


O mundo em geral, segue caminhos de mudanças e o desemprego vai se instalando, a tecnologia vai avançando, suprimindo assim, a mão de obra. Com isso, cresce a passos largos, o mundo da necessidade e da fome e nós, brasileiros, ainda não sabemos a que mundo, realmente nós pertencemos - se ao primeiro, ao segundo, ao terceiro, ou quem sabe, ao quarto mundo que, com certeza já deve existir, mas a gente não sabe onde fica. Fala-se muito no Brasil, do jeito baiano de viver - ô xente! -Dizem que o baiano, nada quer com a hora do Brasil! Mas a televisão, nos dias de hoje, nos mostra exatamente o contrário, mostra uma Bahia crescendo na área agrícola e na indústria dos manufaturados. A fama do baiano é antiga, e eu me lembro da cidade de Salvador, principalmente ao redor do seu porto, onde os baianos, ficavam sentados na beira das calçadas. Ali, se você necessitasse de um carregador, para ajudar nas descargas da alfândega ou para carregar a sua mala, ficaria totalmente perdido se fizesse a ele o seguinte convite - “ô rapaz, quer ganhar algum dinheiro, ajudando a descarregar minha carga ? – Receberia como resposta - ô moço! eu não quero não, prefiro continuar pitando aqui o meu velho cigarro de palha! – E eu só vim a entender o espírito da coisa, bem mais na frente. A Bahia só está crescendo por causa do Carnaval de rua, que lhe trouxe um forte turismo, a proliferação da água de coco e a mudança do termo “bunda” para “tchan”, que obrigou com certeza o baiano a se levantar da beira das calçadas, para mexer com as cadeiras . Conheci um sujeito , o “MOA” que no inicio da sua vida, foi igualzinho ao baiano. Era um jovem, com dezoito anos completos, que tinha o primeiro grau concluído. Naquela época era muito estudo, e como diploma. Ele trazia uma carteira de motorista profissional, no bolso traseiro esquerdo de sua calça. Sentava-se, diariamente, na beira de uma calçada, na frente de sua casa e ali, tragava o seu cigarro durante todo o dia. Eu, que com quinze anos de idade, já trabalhava, passava por ele e dizia - ô Moa, você não vai trabalhar não? – Pacientemente, como todo baiano, ele retrucava - só trabalho se o emprego for muito bom, e eu, muito bem remunerado! - E assim, o Moa carioca, vivia a sua vida de baiano. Durante cerca de mais ou menos três anos, ali, sentado na beira da calçada, ele aguardava o tal emprego, muito bom e muito bem remunerado. Ele dizia, sempre com muita confiança, que a mãe lhe dava comida e o pai, roupa e cigarros, total razão para que não ficasse correndo atrás de um emprego vagabundo. E não é que o cara estava certo? Num determinado dia, uma prima do “Moa” que trabalhava na embaixada americana como secretária executiva, fez uma proposta para ele - ô primo, quer ir trabalhar na embaixada? vou fazer de você, o motorista do vice-consul , o administrador geral da embaixada, e seu salário vai ser pago em dólar. Só existe uma diferença, você não ficará em regime de lei trabalhista brasileira, mas sim norte-americana, você aceita ? - Claro que o MOA aceitou o emprego dos seus sonhos. Vejam vocês jovens, a vida do Moa, não serve mais de exemplo. Já passamos da época do “QI” (quem indica). Hoje, trabalho só com muita tecnologia, estudo e aplicação prática. Não vai adiantar nada ficar sentado na beira da calçada, pitando o seu cigarrinho,pois MOA, só existiu UM!

(Jorge Queiroz da Silva - abril/2009)

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