Lendo e ouvindo a música


Fofas


Desenhos de Jorge Queiroz da Silva

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O mundo vai virar

Eu sempre pensei que um dia, o mundo ia virar, mas como isso poderia acontecer? A semente da humanidade foi plantada no Oriente, as maiores e mais antigas civilizações estavam alí fixadas, e por alí aconteceram as grandes descobertas. No entanto, o espírito aventureiro do homem, a força da sua ambição em obter além do que possuía, fêz este mesmo homem sair em busca de novos horizontes e novas conquistas. Hoje,decorrente dessa força, acontecem as coisas no Oriente e o restante do mundo se apavora. A Russia, a China e o Japão jogam o desespero nas bolsas internacionais, e nós, pobres cristãos, ficamos sem saber o que poderá ocorrer com o resto do mundo, onde estamos incluidos. Que fantástico o nosso caminho da globalização: ter ciência dos rombos financeiros do mercado mundial via Internet, sentir no rosto de cada operador da Bolsa, o desconforto da perda, sentir o desespero dos financistas e empresários e vê-los com aquele olhar tenso, aquela esperança de uma reviravolta, sem dúvida, é inacreditável... E como devem estar as UTI’S dos principais hospitais que cuidam da saúde desses profissionais, pelo mundo afora ? Trabalhar com dinheiro é terrível! Controlar dívidas caseiras já é um transtorno, muito pior, fazer lances da expressão real da dívida externa de um país, que até poderá atingir uma moratória. A minha experiência na área financeira é exatamente contrária a fase que o brasileiro atravessa hoje. Participei desse mercado, nas décadas de 70 e 80, quando o espírito dos nossos dirigentes era mais otimista. Otimismo talvez gerado pela forma como a política econômica encaminhava as coisas,ou seja, “com a barriga”. Sempre se resolviam dívidas com novas dívidas. Aprendi que o dinheiro tinha um preço a cada dia da semana. Na 2ª feira valia menos, na 3ª feira um pouco mais, na 4ª feira começava a aumentar um pouco mais e na 5ª feira tinha o seu mais alto preço, porque todas as operações financeiras deveriam estar concluídas até 6ª feira. Nesse ponto , o dinheiro barateava, porque iria “dormir” na conta bancária no final da semana. Hoje, fico louco, nosso dinheiro tem sempre o mesmo valor e as coisas não param de subir. De que adianta a moeda ser forte se ela vive trancada nos cofres dos bancos internacionais? Atualmente somos de primeiro mundo em valor de moeda, mas em compensação, somos os últimos do mundo em balança comercial. Nada produzimos e ficamos na expectativa de rever o básico da economia brasileira deslanchar, confirmando que o seu princípio mecânico tem que ser de “capital e trabalho”, e não de “trabalho do capital”. Vamos clamar aos nossos dirigentes que criem trabalho, que ganhem os mercados de exportação, que equilibrem a nossa balança comercial. Temos, necessariamente que ser um país ativo e não um “país passivo”, anterior à era da informática. Naquele tempo, os nossos contabilistas possuiam menos recursos para identificar a futura falência de um negócio. Normalmente êles chegavam até o proprietário e sócio e com um livro de 500 folhas na mão entre débitos e créditos, falavam entre os dentes, quase sussurando que a Empresa tinha falido, o que na maioria das vezes era confirmado pelo empresário. Nos tempos atuais as condições são totalmente diversas, temos como planejar, trabalhar, revisar e poupar. Não podemos esquecer,que o Dr. Enéas podia parecer um louco quando dizia que as nossas reservas eram infinitas,mas nessa hora o nosso presidente deveria fazer das palavras do Dr. Enéas as suas. Sem dúvida, estaria fortalecendo um novo refrão, em substituição aquele já consagrado bordão do nosso povo : -“ Eu tô maluco, ah! Eu tô maluco”, que o brasileiro grita quase diariamente, em busca da solução dos problemas de vida no nosso grande e glorioso país.
(Jorge Queiroz - abril/2000)
Fonte da imagem:semnocaosn.forumeiros.com

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