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Fofas


Desenhos de Jorge Queiroz da Silva

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Brasil dos executivos que conheci, admirei e odiei

Estou na década de 50, no Brasil, um país de aproximadamente sessenta milhões de brasileiros, recém-saído da temida ditadura do Presidente Getúlio Vargas e política interna confusa, onde os nacionalistas, que se rotulavam democratas, exigiam em praça pública a garantia das nossas principais riquezas do campo industrial. O mundo se voltava para o Canal de Suez, onde um novo perigo se instalava e ameaçava a paz recentemente conquistada da arrasada Alemanha de Hitler. A juventude da época, entretanto, não devia esmorecer diante das ameaças,pois muito pior, tinha sido o período compreendido entre os anos de 1939 e 1945, anos que trouxeram ao nosso povo a grande experiência de viver em plena guerra mundial. O Brasil ainda vivia como uma grande colônia, os vestígios do domínio dos coronéis era notório, e nós, precisávamos urgentemente de mudar os destinos do trabalhador brasileiro. Nesse momento então, o nosso país observa um novo caminho, que era indicado pelo então candidato à Presidência, o Dr. Juscelino Kubitscheck de Oliveira. O povo o elege e aplaude suas novas idéias, que asseguram os motivos para que o Brasil entre firme na rota da industrialização e no fortalecimento da siderurgia, da mineração, da automotiva e da ampliação do nosso campo de extração de petróleo, para tornar-se auto-suficiente. Pensando talvez nesse crescimento, o nosso Presidente tenha falhado, quando iniciou as obras da Transamazônica, achando que seria o caminho mais curto para unificar o país. O brasileiro que até então, era parte de um povo acomodado, passou a buscar seus novos caminhos, e para nossa alegria, começamos a pesquisar tecnologia, conhecimento e especialização, esquecendo o rótulo de que somos um país do futuro, mas sim de um presente no novo cenário mundial, e que já começava a incomodar aos países de primeiro mundo. Aí sim, cada brasileiro passa a buscar em suas ambições, um novo caminho. As escolas de aprendizado se diversificam, o número de Universidades se amplia e então começamos a acreditar que seremos uma nova esperança na América Latina. E foi nesta mesma época que buscando uma carreira profissional, iniciei a trajetória de análise das empresas e de seus dirigentes, e passo a comentar sobre os líderes empresariais que conheci e convivi, ou como queiram, os grandes executivos. Inicio pelo saudoso Dr. Milton Costa Lentz César, filho de um famoso embarcador, Paul Lentz Cesar, de origem norueguesa, que veio para o Brasil na ocasião da primeira guerra mundial e casou-se com a Sra. Márcia Costa Lentz César, e aqui se estabeleceu na indústria farmacêutica, adquirindo os direitos de fabricação de uma linha de tônicos e fortificantes que seriam de origem dos índios, o antigo xarope Phymatosan e Phosphatan, um tônico para a memória. Com o Dr. Milton, criei o meu espelho de trabalho e desempenho e apreendi que a análise deve ser criteriosa em seus mínimos detalhes. Ele era um grande observador, media o tamanho de um barbante para embrulho, cortava a fita adesiva sem exageros, utilizava o creme dental até o resíduo de sua tampa, tinha o hábito de colher clips e alfinetes no chão,etc... Era afinal, um superintendente industrial muito rígido e consciente. Foi buscar mestrado nos EUA e trouxe para o Brasil vários sistemas de racionalização de trabalho. Foi fundador da CONSEMP, uma empresa de consultoria e treinamento de executivos. Foi fundador da caderneta de poupança Morada e responsável direto pela minha admissão e ascensão profissional na indústria química e farmacêutica. Acreditando na minha capacidade de trabalho me fez Chefe do Planejamento e Controle da Produção, onde pude formar toda a minha base profissional futura, em substituição ao Sr. Salvador da Costa Monsanto que tinha se transferido para a CPRM, após se dedicar à mesma posição, por um largo período de mais de quinze anos. Não posso deixar de registrar, que esta família foi também a introdutora da Igreja Presbiteriana no Brasil, e instalou a sua crença pelas mãos do pai do Dr Milton César, o pastor e reverendo Paul Lentz César.

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