Conheci na minha vida profissional um homem de coragem, formado em farmácia, que atuava como Diretor de Operações numa Indústria em que trabalhei.Respondia pelas áreas de importação e exportação e pela obra de expansão da Empresa.O que mais me marcou, foram as indicações de energia, coragem e força desse executivo, que era um autodidata. Muito me admirei, em saber que tinha sido o comandante do vapor Márcia, que teria sido afundado na última guerra mundial pelo submarino alemão, em águas brasileiras.Vou tentar relatar agora uma história que diz bem da sua coragem , e que muito combinava com o seu jeitão de homem forte e decidido, e que num determinado momento de vida, mais ou menos na faixa de 40 anos, iniciou um processo de cegueira. Lutou bravamente contra a doença, quando a recomendação médica o proibia inclusive de dirigir automóvel , principalmente no período noturno. No entanto, ele não desistia, e continuava a vir ao trabalho diariamente, dirigindo seu próprio carro, evitando apenas de sair tarde, preferindo deixar o trabalho ao cair da noite, quando ainda a Cidade estava iluminada.Um dia descuidou-se, o dia avançou, e ele insistiu em ir para casa quase anoitecendo. Iria fazer um deslocamento da Tijuca até o Leblon, e já quase chegando em casa, a sua visão começou a faltar e para não dar o braço a torcer, colou o seu carro na traseira do carro da frente, e a visão das lanternas o ajudava a dirigir. O carro da frente andava, ele andava junto, o carro da frente parava, ele parava junto, aí então o carro da frente não mais andou, e ele muito irritado, começou a buzinar, esbravejando: -oh rapaz! não vai andar não? Ao que o outro respondeu:- como é que eu vou andar, se estou dentro da minha garagem?Todos comentavam o fato e tentavam, cada um a sua maneira, se espelhar, nesse grande exemplo de coragem e firmeza diante da vida.
Jorge Queiroz da Silva - agosto/2009)
Jorge Queiroz da Silva - agosto/2009)
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