Lendo e ouvindo a música


Fofas


Desenhos de Jorge Queiroz da Silva

domingo, 25 de março de 2012

Mais um tipo inesquecível


Era uma senhora oriunda do interior de Minas Gerais, dona de uma prole respeitável e que morava na mesma rua em que eu morava. Ninguém se interessava em saber seu nome. O povo da localidade no início, só a identificava como sendo uma lavadeira que lutava pela vida. Souberam que num determinado dia a sorte havia lhe sorrido, pois o seu marido, que era um ajudante de pedreiro, por ter adquirido, um bilhete da loteria federal, foi contemplado, com a chamada “sorte grande”. Desse dia em diante, essa senhora, que era bem pobre, cheia de filhos , que lavava muitas roupas para fora e sempre descia a rua com enormes trouxas de roupas na cabeça, sumiu do cenário, por um determinado tempo, chegando a fazer as pessoas pensarem que ela havia morrido. Qual o que, quando ela voltou..., desfilava imponente pelas ruas, exibindo elegantes trajes acompanhados de desafiadores saltos altos, que ela mal sabia conduzir. Em companhia do marido, o ex ajudante de pedreiro, que também passou, a trajar belos ternos, de alta costura com lindas gravatas e chapéu de panamá importados, ia ela se fazendo notar.Passaram, por isso, a despertar uma grande curiosidade, das fofoqueiras vizinhas, que ficavam tentando descobrir, a qualquer preço, o motivo da grande mudança. Elas, que antes nunca, se preocuparam em saber o seu nome, foram se chegando devagar para perguntar porque ela havia mudado da " água para o vinho". Com surpresa,receberam daquela que era uma humilde lavadeira, a seguinte resposta: - vocês de agora em diante..., podem me chamar de “quinze contos”, pois o meu marido, ganhou no mês passado, o primeiro prêmio da Loteria Federal. Tirou a sorte grande. Depois desse dia, só se ouvia falar, naquela região, lá vem, “quinze contos, para cá, quinze contos, para lá”, e a antiga lavadeira passou a tirar uma onda, com todas as maiores curiosas do bairro! Eu, menino ainda, ficava sem entender nada, pois para mim “quinze contos”, era nome de dinheiro e não de uma pessoa!

(Jorge Queiroz da Silva - agosto/2009)

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