Lendo e ouvindo a música


Fofas


Desenhos de Jorge Queiroz da Silva

quinta-feira, 21 de junho de 2012

uma grande emoção como brasileiro

Tive também oportunidade de conviver com um outro monstro sagrado da arte, da literatura, do teatro e do nosso cinema, Amir Haddad.
Foi por volta dos anos 70 e durou mais ou menos seis anos o nosso convívio. Hoje, tanto tempo depois, conseguiu fazer o sucesso merecido, dirigindo toda a nova base brasileira do teatro de rua, em que foi o principal criador. Ali descobriu talentos, como o cantor famoso “Seu Jorge”.
Criou o novo centro cultural do Brasil, que despontou pela sua mão mágica e sua inteligência de criador.
Na sua mocidade, por ser um gênio, não era notado no seio familiar de tantos destaques de empresários, médicos, construtores, e até políticos, como tal.
Eu o conheci quando eu trabalhava como assessor administrativo e financeiro de uma antiga construtora, que tinha vínculos com seus familiares diretores.
Lembro que eu sempre me emocionava quando ele, uma vez ao mês, passava lá nos escritórios da empresa, no Centro, para receber de sua família, a sua mesada e não se envolver com os negócios comerciais.
A família achava que ele não estava preparado para ser um dos funcionários daquele grupo construtor.
Nesses momentos, ficávamos conversando bastante tempo, e ele só ia embora quando eu me preparava para ir também, pois era eu o responsável, pelo pagamento da sua mesada, cujo valor tinha acertado com os dirigentes, seus parentes.
Ele ficava querendo me explicar da sua capacidade criativa e me exibia retirando do bolso traseiro das calças, a sua amarrotada carteira profissional, sem nenhuma assinatura, me olhando com um olhar úmido e caído.
Aquilo, seu desalento, por a família não acreditar nele profissionalmente, me deixava muito triste, fazendo com que eu garantisse que um dia tudo ia mudar . Reforçava que ele era um talento enlatado, como se fosse um grande filme de cinema que um dia ia fazer sucesso, estourando nas bilheterias.
Saíamos caminhando e tomávamos um café no GAUCHO. Dali ele ia embora e eu ia para o meu curso, na FGV em Botafogo.
Hoje, tudo mudou em relação ao seu sucesso e eu tento arranjar um tempo para um dia chegar na sala Cecília Meirelles, e assistir a uma peça dirigida por esse antigo amigo AMIR HADDAD, sem conseguir.

Jorge Queiroz da Silva - agosto/2009

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