Lendo e ouvindo a música


Fofas


Desenhos de Jorge Queiroz da Silva

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A MIDIA QUE NÃO PODIA COLECIONAR INSUCESSOS -O JORNAL DO COMMÉRCIO E O FAMOSO DIÁRIO DE NOTÍCIAS!

Na minha vida profissional, trabalhei em dois diferentes jornais - o primeiro, o mais velho de todos, o secular Jornal do Commércio e depois, no Diário de Notícias -.
O Jornal do Commércio, foi montado ainda no tempo do Império, porque D.João VI não deixou que ficássemos sem orientação pública na sua governança.
Ele já tinha nos dado o Jardim Botânico, como também tinha instalado o primeiro Banco brasileiro, o poderoso Banco do Brasil.
Minha passagem pela Indústria Gráfica foi a melhor orientação que tive na minha época de aprendizado.
O meu primeiro emprego, o mais importante para minha formação, como Office-boy, na administração do Jornal do Commércio, me serviu de trampolim para entender a vida.
Suas informações, noticiários nacionais e internacionais, eram dentro da melhor administração ligada a fatos mundiais, haja vista que era dirigido e comandado pelo Doutor Elmano da Cruz Cardim, naquela época um famoso acadêmico da galeria dos imortais da Academia Brasileira de Letras, também muito conhecido nas mais importantes capitais das Américas e do velho e antigo continente Europeu.
Eu era um simples menino de quinze anos de idade, que buscava uma oportunidade de vida, pois já cursava o primeiro ano do segundo grau e, não tendo outra forma de pagar os meus estudos, ali esperava ter pelo menos, o sustento dos meus livros e cadernos e o pagamento do colégio.
Tendo aprendido a ser obediente e respeitoso, podia conviver executando tarefas para o meu diretor-chefe, cuidando de toda a sua correspondência. Não só a do Brasil, como também toda a do exterior, que era preparada por mim.
Além disso,ficava a meu cargo, o controle dos assinantes dos livros do Código de Processo Civil e Código de Processo Penal, bem como a coletânea do famoso e bem conhecido livro dos eternos resumos do nosso Arquivo Judiciário.
Tinha ainda a responsabilidade de manter organizada, em cima da mesa de sua sala de comando, a relação diária que ele me dava para compra de todos os jornais do exterior, que a ele interessasse, pois como era o Redator-Chefe do Jornal, teria que manter o nível de imprimir também um jornal de primeiro mundo, que, sobretudo, não envergonhasse o nosso Brasil, usando suas próprias palavras.
Aquela incumbência me dava uma grande responsabilidade de correr todo o centro do Rio de Janeiro, de banca em banca de jornais, mesmo que fosse a pé, mas que não o deixasse sem aquele suprimento de informação, que dava a ele a garantia de que o seu jornal, teria um nível idêntico ao dos mais famosos jornais editados internacionalmente.
Foi devido ao seu alto controle de qualidade, que esse jornal sobreviveu até hoje em perfeitas publicações diárias, fazendo despertar um grande número de saudáveis colecionadores e leitores fiéis, por quase duzentos anos.
No grande Diário de Notícias, comandado pelo não mais famoso, o jornalista Orlando Dantas, um dos ministros do governo, do então presidente Getúlio Vargas.
Aquele dedicado jornalista mudou a cara da imprensa brasileira, tendo comprado máquinas de impressão em cores, de grande velocidade, que vieram a transformar o atendimento aos leitores, que já paqueravam revistas internacionais semanais, deixando o nosso país na posição de atrasado no mundo empresarial gráfico.
Sem dúvida também mudou a cara das bancas de jornais.
Era conhecido por sua fidelidade jornalística ao então presidente Getúlio Vargas, visto naquela época, como sendo um grande e intratável ditador, pela grande e impositiva ala da direita da política brasileira.
Foi pena que quando por lá passei, o jornal já estivesse num processo de sucateamento e extinção, pois a própria expedição das edições de jornais e revistas, só se interessavam que os produtos encalhassem nas bancas, e tivessem de volta um retorno, para os mesmos depósitos da sua própria expedição, para que eles vendessem e faturassem os benditos jornais e revistas, a pessoas que eram ùnicamente compradores de jornais a peso, propiciando que eles pudessem faturar sempre algum lucro extra.
Aos empregados cabia apenas a incerteza do futuro daquele diário.
E eu só pude entender aquele desinteresse depois de sofrer junto aquele quadro de funcionários, por mais de seis meses, atuando na assessoria administrativa e financeira.
Tendo conseguido um novo lugar de trabalho sério, eu pude deixá-los, embora lá eu tivesse chegado com uma grande vontade de ajudar na sua recuperação.
Infelizmente isso se tornou impossível, pois o jornal se notabilizou como sendo um daqueles perseguido pelo governo revolucionário daquela época.
Não posso deixar de afirmar aqui, que naquela mesma época, o noticioso era dirigido por uma diretoria sob procuração pública contratada e com a finalidade de levá-lo a total falência.
Assim o conseguiram, pois faziam parte de grupos que eram preparados para aqueles objetivos, ou seja, destruir as pressões de políticas contrárias ao atual regime da revolução, já implantada há mais de dez anos.

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