Lendo e ouvindo a música


Fofas


Desenhos de Jorge Queiroz da Silva

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A VISITA DE FORTES MOTIVOS, EM 1956, À FORTALEZA DE TENÓRIO CAVALCANTE.

Que saudades das rotinas silenciosas das forças armadas brasileiras nos passados anos cinqüenta.
Jamais poderei esquecer meu tempo de aspirante estagiário do maior regimento da América do Sul, o famoso REI.
O nosso Regimento Escola de Infantaria, que pertencia as tropas que faziam parte do primeiro grupamento tático da ONU e me fizeram ficar orgulhoso de participar das operações militares, sem receber nenhuma informação anterior de como ela seria, testando realmente nossa capacidade produtiva.
A causa do meu orgulho vem da comparação daqueles tempos com os dias de hoje.
Vejo agora uma grande diferença.
Hoje, quando o comando tem que realizar uma operação militar, quando vão iniciá-la , seja ato de correção social, política, ou de segurança, não sei se por conta da força da mídia existente hoje ou se por conta das formas muito bem diferenciadas do nosso atual governo, as providências, antes que aconteçam em nosso Pais, já são noticiadas com suas causas, caminhos e efeitos.
0bviamente o que deveria ser tratado com total sigilo, com certeza dará partida aos passos seguintes de novas ordens ou providências a serem tomadas em relação aos delitos ocorridos e que já estarão estampados, nas primeiras páginas dos jornais diários de maior veiculação, vinte e quatro horas antes, nos dando assim plena consciência, de que fazem parte de um movimento harmônico, montado por forças estranhas, e não pelas nossas autoridades brasileiras.
Mas eu confesso, o sigilo com que se tratavam as operações de outrora, me deixou orgulhoso de estar dentro de uma Unidade padrão de todas as formas de conceitos, após ter vivido uma prontidão de duas noites seguidas no quartel e nada ter vazado a respeito dessa operação em que participei.
Na segunda manhã seguinte, nós estaríamos saindo para uma missão de de cerco em Duque de Caxias, à fortaleza, como era chamada a residência do ex-prefeito e ex-deputado federal daquele município, o Tenório Cavalcante.
Politicamente tudo ocorreu após o carnaval que foi instalado naquela famosa residência, quando o experiente e desafiador entrevistador de TV, o Flavio Cavalcanti fez um desafio ao homem da “lourdinha” - sua famosa metralhadora - de que ele rasparia a sua barba frente às câmeras da TV.
Para as famílias brasileiras, tal fato foi de uma infelicidade total após aquela apresentação.
Mesmo feita em sua residência, ele vestido a rigor com a tal capa preta e portando a tal metralhadora que nunca era mostrada, era um segredo de Estado.
A operação, de grande surpresa, para a sociedade brasileira, foi levada a cabo, sem que mesmo nós, estagiários do REI e responsáveis por ela, soubéssemos antes, realmente surpreendendo o deputado que teve sua força destroçada pelo nosso brilhante comandante.
Lembro que quando eu perguntei ao Capitão Brider, comandante da sexta companhia de fuzileiros, onde eu estagiava, antes de subir no caminhão de transporte de nossas tropas, para onde nós iríamos, ele respondeu que não sabia, me instruindo que perguntasse ao coronel comandante.
Concluindo, vejam vocês amigos, como mudaram os sigilos dos tipos de operações que envolvem tomadas de posição em razão política da nossa boa conduta, para eliminar as coisas erradas do Brasil.
Então eu pergunto: - como podemos estar confiantes numa missão, se as providências são anunciadas em todos os nossos jornais, pelo menos dois dias antes da ação preparada?

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