Lendo e ouvindo a música


Fofas


Desenhos de Jorge Queiroz da Silva

sábado, 24 de julho de 2010

Uma aula magna de direito!

Assistia eu a um canal público de TV, que exibia notícias ligadas a justiça brasileira.Pela eloqüência do palestrante, decidi parar de procurar um outro programa e continuar assistindo, pois tive a certeza de que ali, teria uma vasta matéria de total interesse do povo, ligada às leis brasileiras.Sempre soube que, pela sua qualidade e pela magnitude dos nossos juristas, as leis do nosso país chegam a chamar atenção de nações já bem mais antigas e com diferentes leis constituintes.A cada exposição do inteligente e eloqüente palestrante, o Doutor e professor, em honoris causa, Roberto Barroso, aumentava ainda mais o meu interesse.Tinha ele à sua frente, vários juristas, com idades variadas e ocupando diferentes posições na prática do Direito.O Dr. Roberto Barroso prendia a atenção de qualquer leigo de todas as formas já concebidas, quando apresentava suas colocações. e exposições, diante de tão seleta platéia.Ele explanava as origens de nossas leis e fazia a total demonstração de todos os tipos de direito civil, ou sejam, o direito administrativo, o criminal, o penal, e também o constitucional,além de confirmar que a nossa Constituição, estava fazendo nestes 20 anos de existência novas descobertas, pois ela foi elaborada e concluída em 1989.Frisava que por isso dava à Constituição o seu ponto de apoio, afirmando ser uma das mais perfeitas no mundo.Convenceu-me totalmente quando citou vários exemplos técnicos, comentando o divorcio, o caso da adoção, o caso das múltiplas situações hoje já resolvidas pelo nosso Ministério da Justiça.Na sua explanação, afirmou que atualmente, nós temos uma lei chegando próxima das grandes soluções Constitucionais, mas que não deveríamos esquecer, que bem mais no passado, estas leis eram representadas pelos códigos jurídicos.Aproveitou e enumerou cada um deles - o código de processo civil, o código de processo penal, que davam aos antigos advogados a segurança das revisões das leis brasileiras.E foi neste exato momento que me emocionei, pois lembrei do meu primeiro emprego aos quatorze anos de idade.Eu trabalhava em um jornal diário, que já vinha do tempo do antigo Império, o ainda mais antigo meio de comunicação da mídia brasileira, em forma de jornal comercial, o bem nobre e ainda hoje conhecido, o quase bicentenário Jornal do Commercio, onde fiz uma carreira curta mas de muito conhecimento para minha idade.Ali eu ganhei num pequeno espaço de tempo, um grande conhecimento.Tinha eu a atribuição de controlar o quadro de assinantes dos periódicos livros de direito, que nas oficinas de linotipia daquela gráfica conceituada, eram impressos sempre todas as noites e distribuídos pela madrugada.Tinha eu também a obrigação de distribuir, mensalmente aos causídicos da época, os Códigos do Processo Civil, os Códigos do Direito Penal e também a Coletânea Geral, o grande livro do arquivo judiciário, que reunia a literatura para os novos assinantes atualizadas, e cujos nomes de capa, eu jamais poderia ter esquecido, pois que eram enviados, mensalmente, para todo o Brasil.Emocionei-me, porque lembrei de mim, naquela época, apenas um menino responsável, que mesmo não sabendo a finalidade de tais livros, embora às vezes, já grande leitor que era, arriscava uma olhada em alguns deles,tratava-os como objetos de grande valor e jamais perdeu um prazo de envio de um exemplar sequer, para aqueles assinantes que aguardavam sequiosos pelo recebimento dos mesmos, visto que trariam as novas informações das alterações das leis brasileiras.Assistindo a essa aula fiquei feliz e me senti bastante realizado por ter revivido um tempo em que eu, tenho consciência, contribui para disseminar com o meu trabalho, a legislatura constitucional.Hoje, realmente senti orgulho de ter carregado nos ombros, por um percurso bastante longo - do escritório central do jornal na Rua do Ouvidor até a agência matriz dos Correios na Rua Primeiro de Março -aqueles imensos pacotes, por mim organizados e embalados com lacres que, por minha constituição física de menino, ainda se tornavam mais pesados.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Brasil, um país contraditório!

Assisto rotineiramente a programas de entrevistas, pois tenho o maior interesse no conceito das coisas que envolvem a política.
A cada final de semana, principalmente aos domingos, gosto de assistir programas de entrevistas nas TVs a cabo, sob o comando de inteligentes jornalistas.
Ainda assim, dou uma passada por programas da TV aberta que retratam temas idênticos.
Normalmente, por se tratarem de programas previamente gravados, ora sim, ora não, venho verificando que as mesmas pessoas, estão se apresentando simultaneamente em duas entrevistas de televisão diferentes, uma com fundamento de debate e a outra dentro do fundamento de entrevistas, e logicamente em canais diferentes.
Naquele domingo, observei que a entrevista do Secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, era feita por uma bancada de personalidades, e entre elas, estava presente o Presidente do Sindicar, que fazia observações precisas do mau desempenho das nossas polícias e analisava com números de estatísticas, que o roubo de veículos oficialmente informado pelas seguradoras, atingia a quarenta mil e tal, levantamento que não incluía os carros roubados e não segurados, e que se assim fosse, a informação seria aumentada em mais cento e quarenta mil unidades.
Lamentável a afirmação, que nos deixa traumatizados com número tão assustador, que serve de alerta ao novo Secretário de Segurança, que se baseando em estudos já feitos, veio a afirmar, que o roubo de veículos, os assaltos, os latrocínios, estão diretamente ligados ao tráfico de drogas.
Mas achei falha uma informação complementar, em que ele dizia que o uso de drogas, tinha se iniciado há vinte anos atrás , no Rio de Janeiro.
Eu devo afirmar com absoluta certeza de que ele já existe, desde a década de 1950, quando passei em estágio pelas Forças Armadas e lá presenciei a prisão de um traficante, que existia no subúrbio de Magalhães Bastos o famoso Genésio! O Genésio respondia a um processo pela morte de dois soldados do regimento, numa birosca, o que com certeza me faz afirmar, que o tráfico já existe há mais de quarenta anos.
Em complemento ainda posso afirmar, que existe uma informação ,em paralelo, de roubos de carros, que na realidade não aconteceram, mas sim o tal roubo, assim classificado, envolve uma outra operação de fraude, que está ligada diretamente a pessoas do ramo segurador, corretores, inspetores etc., aqueles que fazem convites a determinados proprietários de carros, usuários de seguro, para simularem um sumiço do veículo, chegando as vezes às vias de fato, a enterrar o tal veículo para garantir o pagamento da indenização do seguro, assim como também, após o pagamento, ainda desenterram o tal carro e vendem suas peças no desmanche. Achei que nesses programas, as coisas se misturam, pois o mesmo Presidente do Sindicar, promovia um debate em outro canal entrevistando o Secretário de Finanças do Estado. Concordo que esse entrevistador possua gabarito para assuntos diferentes, mas não concordo que ele só tenha aparecido, após a eleição do novo Governo.
Será que o roubo dos cento e noventa mil veículos ocorreram nos sessenta dias do mandato do atual governador,agora empossado ? Claro que não !

sábado, 17 de julho de 2010

Uma barbearia, uma notícia, um comentário e um silêncio total!

Era dia daquela faxina geral na aparência - barba, cabelo e bigode - e eu chegava à minha barbearia de sempre, a procura do meu pelador preferido.
Lá estava ele, como sempre bem ocupado e foi logo me dizendo pra’ sentar e aguardar, pois tinha três clientes na minha frente.
Pediu que eu tivesse paciência porque escolhia sempre o final de semana, quando ele estava com mais clientes.Sentei-me na única cadeira vazia e peguei um dos jornais que ali estavam para ler.
Naquele mesmo momento, o rádio ligado anunciava a fuga do bandido ELIAS MALUCO em Niterói. A notícia era complementada com o fato de que ele havia pago aos seguranças do xadrez, a propina de seiscentos mil reais, gerando um inquérito policial militar.
Prosseguindo sobre a notícia diziam que o bandido era o mesmo que havia executado o jornalista TIM LOPES, reduzindo-o a cinzas no tal forno micro ondas, lá na pedreira do COMPLEXO no morro do ALEMÃO.
A indignação tomou conta da minha cabeça fazendo com que eu dissesse em voz alta - ESTE PAIS NÃO PODE TER JEITO - Mais indignado eu fiquei, vendo que nenhuma das pessoas, ali presentes, disseram nenhuma palavra.
Até mesmo o meu barbeiro preferido que é uma pessoa muito falante, nada falou sobre o assunto, ele, que nunca me deixou sem resposta, não me dirigiu nenhuma palavra. Estranhei o comportamento de todos, ali presentes, mas como eu ali chegava naquela hora, poderia ser uma noticia repetida, e assim permaneci calado, mas notei o meu barbeiro, com os olhos arregalados me olhando, como se quisesse me dizer alguma outra coisa.
Aí então , o tal freguês que estava na cadeira do Joilson se levanta, e vem logo sentar-se ao meu lado.
E eu ali na espera da minha vez, continuava a ler o jornal do dia, calado. O tal elemento, então, sacou o seu telefone celular, e começou a falar em voz alta, para quem quisesse ouvir. Como o salão estava cheio, a platéia era grande.
Falava ele: - fulano, eu estou aqui com os meus amigos barbeiros, e tem dois deles que estão precisando tirar uma carteira de identidade com urgência urgentíssima, o que tu me diz a respeito disso? Sim, era exatamente, o que eu queria ouvir, ficam prontas em dois dias, e eu pego contigo, está bem assim? –
Olhando para os barbeiros, que encomendavam a tal carteira, completou: - QUEM PODE, PODE!
Eu lendo o jornal estava, e lendo o jornal fiquei. O tal sujeito ficou por ali rondando, todas as cadeiras da barbearia, e finalmente resolveu ir embora, despedindo-se do meu barbeiro.
Nessa altura, o Joilson, aguardou o tempo passar um pouquinho e olhando para mim disse: - o cara, ficou nervoso com o que tu disseste, e eu já estava nervoso também-
Então perguntei o porque e ele foi taxativo, esclarecendo que aquele cara era um policial civil e antes de eu comentar a notícia, ele havia falado para todos, como se tivesse se gabando, que dias atrás ele havia soltado um traficante e a grana tinha sido dividida, entre ele e o delegado, chefe dele, cabendo oitenta mil pra cada um !
O barbeiro ainda nervoso, falou de sua preocupação comigo quando comentei a notícia sob a forma de protesto e do seu medo quando ele saiu da cadeira, e em vez de ir embora, resolveu sentar-se ao meu lado.
Respondi ao Joilson que apenas havia falado uma verdade, lamentando que ficassem assustados, mas que a partir de então eu teria cuidado, com o que falasse em lugares públicos, pois as coisas estão cada vez mais doidas neste pais.
Confesso que tive um certo temor quando sai de lá e com muito cuidado fui para minha casa!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A volta à Indústria Gráfica

Vou falar rapidamente da minha experiência na indústria gráfica. Foi curta e frustrante e nela só ingressei pela necessidade de emprego. Conheci os procuradores do processo de falência do antigo e famoso Diário de Noticias, meu empregador.
A incumbência principal daqueles dois indivíduos, era atuar de forma bastante morosa no processo de falência, sem permitir que os funcionários do Jornal, que tinham seus salários atrasados por mais de seis meses, usassem a pressão do Direito Trabalhista contra a família do fundador, o jornalista já falecido, Sr. Orlando Dantas, ex-ministro do ex-presidente Getúlio Vargas.
0 primeiro deles, era um homem especializado em atuar como procurador de empresas em estado de falência, e o segundo, um jornalista, era proprietário da extinta Rádio Continental, a qual obteve por pagamento numa ação trabalhista. Ambos se fizeram procuradores para conduzirem aquele processo com cautela e segurança, sem deixar que os funcionários percebessem o ato de sucatear o Parque Industrial, cujo prédio já estava alugado ao INSS.
Por este motivo me contrataram para servir de conciliador entre eles e os empregados, na grande pressão que exerciam sobre a Empresa. Fui admitido como Assessor de Diretoria para atuar precisamente como um ouvidor dos problemas e das causas trabalhistas.
Contudo, toda aquela rotina me perturbou e comecei a fazer parte do rol dos assalariados sem salários.
Por isso, resolvi abandonar o barco após seis meses, quando solicitei meu pedido de demissão, com a desculpa de que já havia encontrado um novo emprego.
Diante da minha decisão, eles resolveram me enganar e me pagaram com cheques sem fundos. Reagi firmemente, indo ao Distrito Policial e mediante a exposição do fato, eles foram obrigados a saldar o débito imediatamente. O grande absurdo foi o fato de que eu, que atuava como conciliador, tornei-me um dos funcionários que passavam pela mesma experiência.
Não posso negar que tal episódio me amadureceu e me trouxe grandes e novos conhecimentos.

sábado, 10 de julho de 2010

Por onde anda a "Tiazinha"?

Essa crônica foi escrita por mim, na época em que a "Tiazinha" era muito famosa. Por onde anda ela agora ?
"Estou indignado, pois as notícias dizem que a Tiazinha, está sendo pressionada para troca de canal de televisão.
O SBT e a RECORD, já disputam o seu bumbum e o seu chicotinho.
É a mais citada bunda da Cidade, e esse leilão gira em torno de cento e vinte mil reais por mês.
O nosso DEUS já está apavorado, e enviou o padre Marcelo Rossi, como recurso divino, para colocar as coisas no devido lugar, mas pelo visto, outras providências terão que ser tomadas pelo nosso Criador, pois a valorização das bundas, aqui neste mundo, é assustadora.
O ser humano do próximo milênio, terá a bunda na frente logo abaixo do umbigo e ficará definitivamente proibido de sentar encima dela,exatamente por tal valorização.
Só se fala na bunda da Tiazinha. Por onde anda a da Carla Perez?
Será que mexer tanto a destroí? Só assim estará explicado o fato da Tiazinha ser portadora de um chicote para defender os seus atributos sensuais.
Bunda já virou manchete. Cuide da sua, não dê sopa e nem sente em qualquer lugar!"

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Coisas curiosas que nos assustam

Quando trabalhei na Indústria farmacêutica, mais precisamente num laboratório nacional, na década de 1960, era Chefe do Planejamento e Controle da Produção.Fui inteiramente tomado pela curiosidade, quando recebi da Diretoria Comercial, a informação de que tínhamos que programar uma fabricação de mil caixas especiais para exportação de dois tipos diferentes de nossos produtos; o primeiro deles, um xarope, remédio para tosse e bronquite e o segundo, um tônico à base de vinho que era receitado como revitalizador de memória.O que me chamou a atenção, foi o porque da apresentação dos produtos em embalagens de litros. Não me contive e perguntei o porque. Obtive a resposta de que aqueles produtos seriam exportados para a Holanda e para a Bélgica e lá, seriam vendidos nos bares e nas Casas de Shows na linha de drinks. Que barbaridade! E como justificativa, só pude imaginar, o consumo daqueles remédios em bares, pelo alto grau do seu ph de mais ou menos 45 graus, na sua acidez. Assim, passei então, a atender o tal preparo da exportação, imaginando que, Belgas e Holandeses deviam tomar altos porres de remédios.Na realidade, um xarope de fórmula original de nossos indígenas, que sabiamente se utilizaram de ervas de excelente valor terapêutico para cura de estados gripais e limpeza dos brônquios.Esses medicamentos, que tinham mais de cinquenta anos de uso freqüente eram receitados por inúmeros médicos especializados nesse tipo de tratamento, assim como também o tônico, que era bem aplicado como um fortificante inteiramente próprio para as doenças de perda de apetite e auxílio direto na melhoria dos problemas de memória.E esse fato só me trouxe alegrias de ser brasileiro, conhecendo pela estranha encomenda, um mercado novo, que aumentaria todos os projetos futuros de trocas de alguns produtos de origem francesa.
Isso criou, naquela época, os novos conceitos de comercialização, de grande valia para a nossa cultura de novas aplicações, na área química e farmacêutica.

terça-feira, 6 de julho de 2010

"O Doutor Serrote"

O “doutor” Serrote,era uma pessoa com quem convivi muito na infância. Ele era responsável pela saúde das inúmeras famílias residentes no meu bairro e curava todo e qualquer tipo de doença, ajudando as famílias carentes daquela época. Com o seu apurado conhecimento da flora, fazia, como ninguém, o uso adequado das ervas. Invadia as florestas das cercanias, formando seu grande arsenal de ervas medicinais e, de casa em casa, ele oferecia os seus serviços médicos. O que mais impressionava as crianças, era a sua curiosa maneira de se vestir. Apresentava-se sempre de calças listradas, camisa branca de colarinho engomado e com botões dourados, além de um fraque negro, cartola preta e bengala com cabo de prata. Usava cavanhaque, monóculo, luvas brancas e portava anéis, com significados das correntes mediúnicas do Oriente. Tinha também um grande relógio de bolso com uma grossa corrente. Em suas costas, ele portava um saco de linhagem branco, totalmente cheio de ervas, e dependurado em seu cinto, um brilhante serrote, sempre limpo, sua principal ferramenta de trabalho. Assim, aquele ser “humano especial”, cultivava a amizade de toda a rua e conquistava, os olhares de todas as donas de casa. As crianças, o tinham como um “Deus”. Era muito comum eu ouvir a minha mãe dizer - quando o “doutor” Serrote, passar por aqui, eu vou resolver o problema da sua doença – Eu, criança ainda, ia aumentando, dia a dia, e cada vez mais, a minha admiração pela figura tão terna de um ser humano, diferente, que era o mais perfeito representante de Deus, na minha visão de criança feliz e bem intencionada.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Antonio de Sommer Champalimaud

Famoso industrial franco-português, era armador, banqueiro internacional, dono de império cimenteiro na Europa e África e tinha se empolgado pelo Brasil na década de 1960, por ocasião do governo de Juscelino Kubitschek. Consta que teria feito promessas ao nosso governante de trazer para o nosso País, a sua experiência no campo financeiro e no campo industrial. Aqui ele se instalou como industrial, inaugurando a Soeicom Cimentos no Município de Vespasiano, a setenta quilômetros de Belo Horizonte. Organizou todas as outras Empresas daquela holding, como, por exemplo, a Tração Transportes, a Gestil de Participações Industriais e Comerciais, a Sogesta de Expansões e Negócios, a Tagide de Representação e Comercialização, a Real Rio de Seguros, a Taxi Aéreo Sinuelo , a Fazenda Três Rios, a Fazenda Imperatriz do Maranhão e outras tantas no sentido de aumentar o seu poderio industrial no Brasil.Não estando satisfeito com a forma política , tributária e social das leis do nosso País , resolveu ao final da década de 1980 retornar para a Europa deixando todo aquele complexo industrial e agro-pecuário arrendado à brasileiros que, conhecedores do nosso sistema, teriam mais facilidade em manter os negócios em giro. Foi uma pena o regresso,pois era um saudável industrial e banqueiro, que, sem dúvida, sofreu injustiças numa terra ainda sem formação, que ainda o perseguiu com a triste ousadia da imprensa marrom, notória em todos os povos de terceiro mundo.

sábado, 3 de julho de 2010

O primeiro fardão que encontrei na vida

Tinha eu meus quatorze anos e já me arriscava ao primeiro emprego, não sabendo que estava indo ao encontro do primeiro fardão da minha vida. Fui indicado por um amigo da família a fazer um teste no Jornal do Commércio, um tradicional matutino que já rodava em nossa Cidade há mais de cento e vinte anos. Bastante feliz com a Carteira Profissional de menor em punho, aquela de cor vermelha, aquela mesma que era fornecida aos menores de idade, fiz o meu primeiro deslocamento ao Centro da Cidade, precisamente ali na Avenida Rio Branco, esquina da Rua do Ouvidor, que naquela ocasião, representava o mais famoso Centro Comercial do Rio de Janeiro, onde eu seria entrevistado pelo Sr. Amadeu Andréa, que na época era o administrador geral do tão respeitado periódico. Fui bem atendido na entrevista e imediatamente fui contratado para a função de office-boy. Minhas funções iam desde o atendimento do telefone à ajuda na conferência e transcrição do livro caixa, controle dos assinantes do Arquivo Judiciário, revista de publicação mensal e distribuição do Código de Processo Civil e Código de Processo Penal. Também teria a responsabilidade de expedição dos periódicos mensais para todo o Brasil, através dos Correios. Deveria também fazer a entrega dos serviços de faturamento a domicílio e a datilografia de toda a correspondência, bem como o atendimento direto ao Dr. Elmano da Cruz Cardim, Diretor e Redator-chefe do Jornal. Eu ficava à disposição do seu chamado a cinquenta metros de distância do seu Gabinete, atento ao som da campainha que poderia tocar a qualquer minuto. Num determinado dia, a campainha disparou, e eu , que ainda nem o som dela conhecia, fiquei estático e pensativo sobre como seria o toque da campainha. Era de um som muito estridente, percebi quando fui alertado pela Dona Herondina, a Sub-chefe da Administração, que me passava os serviços externos, dizendo-me:- oh! Menino, a Diretoria está te chamando! Vai logo, o Dr. Cardim não gosta nada de esperar. Levantei-me correndo da cadeira e parti em direção ao Gabinete da Diretoria. Atravessei a sala da gerência, onde ficava o Dr. Romeu Ribeiro, passando pela sala de reunião e cheguei finalmente, ao Gabinete do Diretor. Ao entrar, notei que estava com a cabeça baixa e, assim permaneceu dizendo-me:- traga-me água e café para dois(ele não estava só), e tinha ao seu lado uma linda dama da sociedade, e o que mais me impressionou, foi o seu traje: Um fardão negro, bordado com galões dourados fechado na altura do queixo. Voltei correndo à administração e iniciei o preparo do café. Pensativo estava, quando a dona Herondina me falou:- tem medo de alguma coisa? Eu disse:- não senhora, me assustei com o fardão que ele veste. Aí ela disse:- nunca viu aquela roupa? Eu respondi:- não! Ela então replicou: - vá se acostumando, vez por outra ele aparece vestido assim, pois é um dos imortais da Academia Brasileira de Letras e esta não será a última vez que virá trabalhar, porque às vezes, não tem tempo de trocar de roupa vindo direto de lá. Assim fui me acostumando, e passados alguns meses, fiquei responsavél pela datilografia de toda a sua correspondência para o exterior. Ele tinha amigos em quase todas as partes mundo, e com isto o meu trabalho de menino começava a ficar muito importante.